A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) vai liberar o uso de irrigação durante o dia em todo o Estado. Desde outubro de 2015, uma lista de municípios em situação crítica tem sido atualizada com a proibição ou restrição da irrigação para somente o período da noite.
O anúncio deve ser feito até sexta-feira (21), segundo o secretário estadual de Agricultura, Octaciano Neto. Em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, Neto disse que as chuvas de novembro e dezembro possibilitaram a medida. Para ele, movimento “simboliza o fim do ciclo da seca no Estado”.
“O presidente da Agerh, Leonardo (Deptulski), me comunicou ontem (quarta-feira, 20) que vai cancelar a resolução que restringe a irrigação e o Estado vai poder voltar a irrigar no período da manhã. Isso coloca um fim no ciclo das secas que tivemos em 2014, 2015 e 2016, é o símbolo do fim da seca e tomara que ela não volte tão cedo”, afirmou o secretário.
De 2014 a 2016, a Secretaria Estadual da Agricultura estimou um prejuízo de R$ 3,6 bilhões no setor. Só na cafeicultura a perda chegou a R$ 2,2 bilhões, afetando principalmente o café conilon.
A notícia foi bem recebida pelos agricultores. O presidente da Federação da Agricultura do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, estima um prejuízo de até 50% na produção de verduras, frutas, leite e café durante o período da seca. No entanto, ele pondera que é muitos produtores ficaram endividados e, para não voltar a desperdiçar água, precisam se virar para financiar equipamentos mais modernos de irrigação.
“Precisa haver uma orientação técnica e disponibilizar recursos para que o produtor possa comprar equipamentos de gotejamento e aspersão, que gastam muito menos água e diminuem as chances de uma nova seca. É uma questão de segurança nacional. Além disso, o Estado precisa ver as outorgas, já que os produtores que licenciaram lá atrás, tinham um cenário diferente. É preciso redistribuir o uso da água”, alerta.
Para o professor de ecologia e recursos naturais da Ufes, Luís Fernando Schitino, o Estado passa por um período melhor, com chuvas e aumento da capacidade de retenção da água, com a construção de novas barragens. No entanto, ele ressalva que o problema ainda está longe de ser resolvido.
“Temos, sim, que ficar feliz com o cenário que vemos hoje, mas isso não significa que se ficar 15 dias de chuvas não teremos problemas. O Espírito Santo ainda precisa recuperar sua cobertura florestal, que hoje chega a 15%, e, principalmente, se atentar para a conservação do solo. Há muitos produtores arando a terra em topos de morros e construindo estradas de forma irresponsável e contribuindo para o assoreamento dos rios. Temos água? Temos, mas não está nada resolvido”, opina.
Informações: A Gazeta.