Vila Notícias – A lama liberada com o rompimento de barragens em Mariana (MG), no dia 5, chegou ao mar do Espírito Santo na tarde deste sábado (21) acompanhada por barcos de pescadores e protesto de moradores do vilarejo próximo, Regência, na cidade de Linhares.
Um dos líderes do povoado guiou o protesto vestido de Morte, com túnica preta e uma foice com a inscrição Samarco, mineradora responsável pelas barragens e que pertence à Vale e à anglo-australiana BHP Billiton. Oito pessoas morreram, 12 estão desaparecidas e há quatro corpos que aguarda identificação.
A enxurrada de lama atingiu o mar aproximadamente às 15h, em camadas menos densas de barro. A reportagem sobrevoou por volta das 17h a foz do rio Doce, no encontro com o mar, na altura da praia de Regência.
Monitoramento do Serviço Geológico do Brasil ao longo do rio Doce, apontava que a lama chegaria ao oceano na próxima semana. Entretanto, a massa de argila e silte, sedimentos com grãos muito finos, alcançou o litoral neste sábado.
A região de Regência, na foz do rio, é área ambiental protegida por ser considerada berçário para diversas espécies marinhas, em especial tartarugas. Nos últimos dias, integrantes do projeto Tamar deslocaram ninhos de tartarugas da rota da lama como medida preventiva.
Um fio dividindo a água ainda clara da barrenta estendia-se da foz do rio até o oceano. Em outros pontos do mar era possível ver manchas de tom marrom claro espalhadas pelo mar.
As barreiras colocadas ao longo do rio nos últimos dois dias, vistas do alto como boias vermelhas, não impediram que o material barrento se misturasse com a água limpa tanto do rio quanto do mar.
A previsão é que a enxurrada de lama deverá atingir uma área de 9 km de mar ao longo do litoral do Espírito Santo, de acordo com um modelo matemático elaborado por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). E, embora os impactos no oceano devam ser menos drásticos do que no vale do rio Doce, eles poderão ser duradouros e afetar, por muitos anos, a presença de algas, moluscos, crustáceos e peixes.
Fonte: Folha Uol