É inegável o papel das mídias em nossa sociedade, o acesso aos meios de comunicação se amplia a cada dia, integrando os diversos “rincões” de nosso imenso país, levando informações e conhecimento, promovendo diversão para locais desprovidos de espaços recreativos. Contudo, todo esse aspecto positivo esconde uma faceta obscura que passa despercebido pela maioria das pessoas.
O papel da televisão vai muito além da informação e da diversão, ela contribui, junto com outras mídias: celulares, computadores, jornais etc., para criar uma “sociedade de massa” moldada pelo sistema capitalista para ampliar o consumo de produtos e ideias das grandes marcas. É fácil observamos tal fenômeno no comportamento “midiatizado” de nossos adolescentes que perderam sua identidade e já não se reconhecem como pessoas únicas, mas sim como representação de uma sociedade virtual construída e abastecida, através da propaganda, filmes e telenovelas desenvolvidas de forma cada vez mais inebriantes, viciando o jovem com um comportamento pré-programado.
A ação da TV não se restringe ao fator econômico, mas também a estrutura familiar e a escola. Observamos atualmente a desestruturação da família, onde pais e filhos já não se relacionam como no passado, os programas de TV agendam o tempo dos pais frente aos filmes, novelas e jornais enquanto que as crianças esperam ansiosos pelos programas infantis, isto é, quando se tem apenas uma aparelho de TV em casa, os pais para “eliminar” tal problema estalam TVs no quarto das crianças para que elas possam se ocupar enquanto os pais descansam após um longo dia de trabalho.
A carência de diálogo tem afastado pais e filhos, que neste contexto elegem outros heróis para serem seus modelos de comportamento, modelos esses, que ditarão suas ações, definirão o modo de vestir, falar e agir. A diversidade de programas, cada vez mais atraente, tem estereotipado nossos jovens criando novos valores promovido pela indústria cultural.
Tal fenômeno tem chegado com muita força ao ambiente escolar, desarticulando o sistema educacional por não conseguir aliar seus tradicionais métodos de ensino a essa nova realidade. O acesso à informação no passado era restrito à escola, agora ela chega de forma rápida e com mais intensidade pelos meios de comunicação, obrigando a escola a concorrer de forma desigual com esses novos recursos.
Qual o papel da escola neste novo cenário? Com certeza não é o de informar, pois isso o meios de comunicação já faz com muito mais eficácia. Verificamos, contudo que apesar de tanto acesso a informação nossos jovens não conseguem canalizar todo esse conhecimento para seu crescimento pessoal, sendo neste ponto o novo desafio do sistema educacional, o de preparar para pesquisar, filtrar e aplicar essas informações de forma crítica e construtiva. Contudo não é proibindo o uso do computador ou do celular , em uma atitude que demonstra nossa incapacidade de utilizar tais ferramentas como suporte educacional, que iremos ajudar na formação de nossos adolescentes, precisamos aprender a viver neste novo mundo virtual e a partir desse conhecimento construir novos parâmetros educacionais.
Texto: professora Marluce Furtado de Oliveira.