
Edição Vila Notícias
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e cardeal arcebispo de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno, disse nesta sexta-feira (29) que a igreja Católica deve orientar fiéis no período de eleições, mas não deve fazer dos templos “curral eleitoral”. Segundo o arcebispo, a igreja não deve fazer “discriminação a nenhum candidato”.
“Não fazemos nos nossos templos nenhum curral eleitoral. Nós orientamos, falamos, mas não fazemos comitês eleitorais nos nossos templos”, disse Damasceno, sem detalhar que tipo de orientação é feita pela igreja. A declaração foi dada em entrevista coletiva na sede da CNBB, em Brasília.
Questionado sobre a participação de dois evangélicos nas eleições para presidente da República (Marina Silva, do PSB, e Pastor Everaldo, do PSC), Dom Damasceno afirmou que o eleitor é livre para escolher seu candidato e que deve analisar o projeto de governo cada um. Apesar disso, ele defendeu a participação de cristãos na política.
“O eleitor é livre de escolher o seu candidato e ele deve, ao fazer a sua escolha, fundamentá-la no sentido de que ele está exercendo o seu direito de uma maneira consciente, conhecendo o candidato, sua experiência, seu passado, seu projeto de governo […]. O cristão é como qualquer cidadão e, como tal, tem direitos e obrigações e deve também participar da vida política”, sugeriu o arcebispo de Aparecida.
A CNBB vai promover debate entre candidatos à Presidência da República no dia 16 de setembro, no Santuário Nacional de Aparecida – maior templo católico do país. “[A intenção] É proporcionar aos eleitores que nos acompanharem a oportunidade de conhecer melhor os candidatos para que possam exercer com liberdade, responsabilidade, consciência a escolha. A CNBB não toma posição político partidária”, afirmou o presidente da CNBB.
O presidente da CNBB também falou sobre a reforma política no Brasil. Segundo Dom Raymundo Damasceno, a conferência apoia um projeto de lei de iniciativa popular que prevê a reforma política e que já conta com quase 500 mil assinaturas.
O projeto, apoiado por centenas de entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE), prevê a reforma em quatro eixos: a proibição do financiamento privado de campanhas; a eleição divida em duas etapas, nas quais o eleitor votaria primeiro em um programa partidário e depois no candidato; o aumento de candidaturas femininas nas eleições; e uma maior participação popular por meio de plebiscitos e referendos, mesclando a democracia representativa e a democracia participativa.
“Esse é o projeto apoiado pela CNBB e que está em andamento coletando assinaturas através das paróquias, entidades. Já temos de 400 a 500 mil assinaturas, e queremos chegar a um milhão e meio de assinaturas para levar para o Congresso Nacional […]. Nós sabemos as consequências que isso [campanha financiada por empresas] gera após as eleições”, ressaltou Damasceno. (Globo.com).