
Segundo o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, Jair Bolsonaro sabe que é impossível a retirada dos impostos do preço dos combustíveis.
A proposta de Bolsonaro provocou reação conjunta dos governadores, que classificaram a afirmação como irresponsável.
Casagrande disse que, no caso do seu estado, o ICMS sobre combustíveis representa cerca de 10% da arrecadação e que, mesmo o governo federal, não tem condições de abrir mão dos recursos.
Até então adotando um tom mais ameno na reação coletiva à polêmica dos tributos que incidem sobre os combustíveis criada pelo presidente Jair Bolsonaro no último domingo (2), já com sucessivos desdobramentos, o governador Renato Casagrande resolveu “colocar lenha na fogueira” nesta quinta-feira (5) em entrevista à coluna Painel, da Folha de S.Paulo. “É um blefe. Não podemos produzir factoides para enfrentar factoides, temos que ter responsabilidade com a população”, disparou. As declarações vêm após a carta divulgada por 22 governadores contra a proposta de Bolsonaro de redução pelos estados do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que gerou contestações de outras entidades da área, e também do “desafio lançado” pelo presidente na manhã desta quinta: “eu zero os impostos federais que incidem sobre os combustíveis, se os governadores zerarem o ICMS”. Num primeiro momento, Casagrande foi ao Twitter e repetiu que a composição do preço do combustível é responsabilidade do governo federal, por meio da Petrobras, mas que estaria “à disposição para discutir e construir de forma técnica, equilibrada e responsável com as contas públicas, medidas que possam reduzir o preço nas bombas”. Horas depois, porém, devolveu as provocações. Além de “blefe e factoides”, disse que Bolsonaro “sabe que não tem como executar” e, por isso, “cria uma discussão superficial, sem amparo nos números reais”. E, ainda, que governo nunca procurou as lideranças locais para discutir o assunto, o que é mais um indicativo de que não há intenção genuína de resolver a questão. “Se alguém tem que tomar a iniciativa, então ele que comece”, completou. Agora azedou de vez.
Carona
O deputado estadual Capitão Assumção, como não poderia deixar de ser, publicou vídeo em suas redes sociais com o desafio lançado por Bolsonaro, acrescentando fala própria. “Agora quero ver se ele [Casagrande] é macho”, atiçou, avisando em seguida: “estou aguardando sua resposta”.
Carona II
Quem também não perdeu tempo foi o presidente licenciado do PSL no Estado, Carlos Manato, e sua mulher, deputada federal Soraya Manato (PSL). Logo reproduziram o mesmo vídeo e frases espalhadas nas redes: “o desafio está lançado aos governadores”, “Será que eles irão aceitar? Vamos ficar atentos!”.
Lista
Nesta semana, o presidente e Casagrande já haviam entrado em rota de colisão devido a não adesão do Estado ao projeto-vitrine das escolas cívicos-militares, tratada por Bolsonaro com uma decisão política. A crítica, no entanto, foi para “governadores do Sudeste”, sem nominá-lo. Para bom entendedor…
Missão
A questão, aliás, também já serviu de muita munição para Carlos Manato contra Renato Casagrande. Mas Manato, agora, só tem olhos para o Aliança Brasil, novo partido do presidente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e Século Diário.