
O município de Vila Pavão diagnosticou até a manhã desta sexta-feira (3), 17 casos de malária e vários outros casos suspeitos da doença. Os primeiros casos foram detectados na última sexta, dia 27 de julho.
A mobilização de combate à doença foi rápida. Para atuar no seu combate, foi criada no município uma força-tarefa em conjunto com o Estado e Ministério da Saúde. Já na segunda-feira (30) uma equipe da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) estava no município e começou uma ação conjunta com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e a equipe epidemiológica local.
Como o mosquito que transmite a malária não conhece barreira, o provável surto de malária dentro da área territorial de Vila Pavão, sobretudo, nas localidades de Conceição do XV (Cascudo), Assentamento, Praça Rica e Córrego do Estevão, colocou toda a região em alerta. Os municípios de Nova Venécia, Barra de São Francisco e Ecoporanga que fazem divisa com Vila Pavão estão de prontidão.
As ações para combater a doença já estão sendo posta em prática. Vão contar com borrifação domiciliar, exames de diagnósticos e atividade de orientação e prevenção ao mosquito transmissor da doença, além da capacitação aos profissionais em saúde da região. Assim como a dengue e a chigunguya, um dos primeiros sintomas da malária é a febre, por isso o diagnostico das doenças podem ser facilmente confundidos.
O primeiro passo segundo a força tarefa é tratar os casos confirmados da doença. O caso de uma pessoa que veio a óbito e a identificação da origem do possível caso fonte que possibilitou a propagação dos 17 casos confirmados até o momento, estão em andamento.
Capacitação
A suspeita de um surto de malária em Vila Pavão levou o município a promover um curso de capacitação, direcionado a todos os profissionais da secretaria municipal de Saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, servidores e profissionais de outras secretarias ) para que eles consigam identificar precocemente os casos suspeitos e a partir dai entrar com o tratamento. A capacitação foi realizada na última quinta-feira (2) no auditório da Igreja Missouri pelas equipes da Superintendência Regional de Saúde de São Mateus e da Secretaria de Estado da Saúde. Além disso, está sendo montado no município um laboratório para a realização de exames sanguíneos com lamina para a detecção de malária.
Não há motivo para pânico
A equipe que está combatendo a doença no município destaca que apesar do grande número de casos confirmados, a população não precisa entrar em pânico. “Tudo que é possível fazer está sendo feito. O que a gente precisa é que a população trabalhe junto no combate à enfermidade. Sabemos que a malária é transmitida por um mosquito, então, os moradores precisam ter ciência da gravidade da situação e colaborar, abrindo suas casas aos agentes de saúde, e ao mesmo tempo, comunicando à secretaria municipal de Saúde qualquer anormalidade no estado de saúde dos membros da família ou vizinhos, principalmente febre no final das tardes para que a equipe possa fazer o diagnostico” pontua o coordenador da Vigilância em Saúde da Região Norte do Estado, Marllus Cavalcante.
Segundo o coordenador, esse surto colocou não só o município de Vila Pavão em alerta, mas, de certa forma, todos os município do estado e da região. “Quando chegamos aqui fomos informados que uma senhora residente na localidade de Conceição do XV (Cascudo), onde concentra a maioria dos casos suspeitos, viajou para a Grande Vitória passando mal. Como medida de prevenção, imediatamente entramos em contato com uma equipe da Grande Vitória para contactar essa pessoa e fazer o diagnostico e tratamento dela, se for o caso”, acrescentou.
Tratamento supervisionado
O teste para verificação da malária é realizado de uma só etapa. É de fácil e simples execução e oferece o resultado em 15 minutos. Utiliza apenas cinco microlitros de sangue total para o preparo e quatro gotas do reagente diluente.
Conforme o secretário de Saúde de Vila Pavão Cláudio da Cruz de Oliveira, o objetivo principal da equipe é identificar todos os casos e iniciar o tratamento para evitar óbito. Toda vez que é descoberto um caso suspeito, os profissionais vão até a casa do suspeito para fazer um diagnostico e teste sanguíneo. Se o caso for confirmado, imediatamente é administrada a medicação. É preciso esperar a reação do paciente ao medicamento. Além disso, é feito um acompanhamento para que não haja descontinuidade no tratamento, o que poderia colocar tudo a perder.
O tratamento é realizado durante três dias com medicamentos administrados em intervalos de 12 horas. Os medicamentos não são encontrados em farmácia, são fornecidos gratuitamente pela secretaria de Estado da Saúde. O secretário lembra que a colaboração dos moradores no sentido limpar os quintais é imprescindível, visto que as condições de procriação do mosquito que transmite a malária, a dengue e chikungunya são muito similares.
Volta das doenças reemergentes
As doenças reemergentes são aquelas controladas e até erradicadas que voltam a aparecer em surtos ou epidemias, como malária, a dengue, o sarampo, a coqueluche e a tuberculose. Existem vários fatores que podem contribuir para o reaparecimento dessas doenças. Em regiões onde não há saneamento básico, por exemplo, o problema está nos hospedeiros onde vírus e bactérias procriam. A globalização também é responsável. Nos países onde a movimentação de estrangeiros é intensa é preciso um controle de epidemia, porque não há como saber quem foi ou não vacinado em seu país de origem. O vai e vem de pessoas dentro do próprio país, também é um jeito dessas doenças cruzarem fronteiras. E há ainda fatores ambientais.
O que é malária?
A malária é uma infecção causada por protozoários do gênero Plasmodium, na nossa região é comumente transmitida por mosquitos Anopheles, caracterizada por episódios de febre, calafrios e tremedeiras. A presença do parasita leva à destruição das hemácias (glóbulos vermelhos) e consequente anemia.
Trata-se de uma doença ainda muito comum, especialmente em países da faixa tropical do planeta, onde há pouco acesso à medidas preventivas e o tratamento é defasado.
Estima-se que a malária mata cerca de 660.000 pessoas por ano e ainda não existe uma vacina preventiva. A Organização Mundial da Saúde (OMS) possui um programa para melhorar o quadro e, todos os anos, lança um relatório com dados sobre a doença a nível mundial.
A doença é tratada como uma emergência médica, pois a demora para iniciar o tratamento dá margem para que a doença se desenvolva até afetar seriamente órgãos vitais, inclusive o cérebro.
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