Na tarde do último domingo (13), mais de 3,3 milhões de estudantes de todo o Brasil, realizaram a primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2022.
A primeira prova exigiu dos estudantes conhecimentos das áreas de Linguagens e Códigos (45 questões objetivas), Ciências Humanas (45 questões objetivas) e Redação que este ano teve como tema, “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”.
A redação do Enem 2022 é corrigida por dois corretores, que têm a função de atribuir uma nota de 0 a 200 pontos em cada uma das cinco competências: domínio da norma padrão da língua portuguesa; Compreensão da proposta de redação; seleção e organização das informações; demonstração de conhecimento da língua necessária para argumentação do texto e elaboração de uma proposta de solução para os problemas abordados, respeitando os valores e considerando as diversidades socioculturais.
Das comunidades e povos tradicionais no Brasil, os indígenas e quilombolas são os mais conhecidos, mas há também outros grupos espalhados pelo país, como os ribeirinhos, pomeranos, os ciganos, os pantaneiros, os negros, caiçaras, caboclos, pescadores artesanais, catadores, seringueiros, faxinalenses, fundo de pastos, raizeiros, entre outros que ocupam 25 por cento do território nacional.

Na época, Vila Pavão tinha como membro suplente e representante dos pomeranos na Comissão Nacional, o pesquisador e ex-secretário de Educação, o sociólogo, Jorge Kuster Jacob.
Jorge Kuster Jacob, recorda que o Enem foi implementado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 07 de fevereiro de 2007, através do decreto 6.040 que criava as políticas para os povos e comunidades tradicionais no Brasil. Entendia-se na época que 16 povos tradicionais, aproximadamente, cinco milhões de pessoas vivendo longe dos grandes centros comerciais e admirativos prestavam grande contribuição econômica, ecológica e cultural para a Nação Brasileira, porém, nunca tiveram políticas voltadas às suas formas de existência.

Os 16 Povos e Comunidades Tradicionais integravam através de seus representantes uma Comissão Nacional. Na época, cada um tinha seu membro titular e suplente. Então a Sociedade Civil tinha 32 representantes. O mesmo número tinha a Sociedade Política. Na época a Comissão era coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), comandado por Marina da Silva e Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), por Patrus Ananias.
O sociólogo destaca que os povos tradicionais tiveram muitas conquistas nessa época. E muitos projetos e leis ainda hoje beneficiam os povos e comunidades tradicionais através de orçamentos, editais e projetos.
“Nós tínhamos reuniões bimestrais em hotéis, passagem aérea e alimentação, tudo pago pelo Governo Federal. Você já imaginou o tamanho do desafio reunir pela primeira vez na história ciganos, índios, negros, pomeranos e outros para traçar uma política comum“, diz.
Para Jorge, essa política foi importante, caso contrário, não teria virado tema da redação do Enem no último final. “Se hoje o Governo Federal tem ações voltadas aos povos e comunidades tradicionais, tudo se deve a essa comissão e políticas remanescentes. Naquela época, a Secretaria Estadual de Cultura teve mais de 25 editais oriundos dessa política. O decreto 6.040 foi revogado pelo atual governo Bolsonaro, mas, tudo indica que essas políticas voltarão no terceiro governo Lula”, afirmou