
Vila Notícias – No Espírito Santo devem ser colhidas 11,1 milhões de sacas de café neste ano. Com o resultado, a produção capixaba, que correspondia a 27% do total produzido no país, deve cair para 22%. Os números são da primeira estimativa de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgada na última quarta-feira. A previsão aponta que devem ser colhidas no Espírito Santo entre 3,36 milhões e 3,57 milhões de sacas de arábica e entre 7,47 milhões e 7,93 milhões de sacas de conilon.
O resultado tem relação direta com o déficit hídrico enfrentado no Estado desde o segundo semestre de 2014. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) estima que, se o Espírito Santo não tivesse sofrido com os problemas de clima, a expectativa para 2016 seria de colher, somente com o conilon, cerca de 11,5 milhões de sacas.
“A seca afetou a colhei ta do ano passado e vai afetar a desse ano. Por mais que o valor da saca tenha subido na exportação, não é um ano para o produtor comemorar. A safra do conilon foi a mais afetada”, contabiliza o Secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto.
Impacto de mais de R$ 1 bi
A produção prevista nesta primeira estimativa para o Espírito Santo acaba sendo 4,33% maior do que o que foi colhido em 2015 (10,7 milhões de sacas). Isso graças ao café arábica, que deve ter crescimento de 17,93% em relação ao ano anterior. Segundo a Conab, oconilon capixaba deve ter queda de cerca de 1% neste ano. Porém, ano anterior já vinha com queda de safra em torno de 23%. Sendo assim, se as estimativas de produção forem levadas em conta, o déficit fica maior.
Na verdade, a avaliação do Incaper é de que justamente a espécie responsável por 77,43% da produção no Espirito Santo (o conilon) terá, em 2016, um resultado 35% menor do que poderia ter tido se as lavouras não tivessem sido castigadas com o estresse hídrico. Na prática, isso significa menos quatro milhões de sacas de conilon produzidas este ano. O impacto econômico pode ultrapassar R$ 1 bilhão se for considerado o preço médio de R$ 300,00 de venda de saca em 2015.
“Com essa quebra de safra deixamos de gerar em torno de R$ 1,2 bi. Esperamos que o clima ajude para que tenhamos uma safra melhor para 2017”, contabiliza o presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV), Jorge Luiz Nicchio. O impacto social também pode ser grande. O café é a principal atividade socioeconômica em cerca de 70% dos municípios capixabas. Sua cadeia produtiva envolve 131 mil famílias e 400 mil pessoas no Espírito Santo.
Seca quebra crescimento
O Espírito Santo lidera a produção nacional de Conilon, com 7,7 milhões de sacas em 2015, ou seja, cerca de 75% do total produzido dessa espécie de café no Brasil e cerca de 20% da produção mundial do produto. A produção da espécie no Estado cresceu entre 8% e 9% nos últimos dez anos, mas teve essa sequencia interrompida pela estiagem no final de 2014. As perdas de 2015 já contabilizaram prejuízo de R$ 830 milhões na cafeicultura capixaba. Agora a quebra de safra se repete em 2016.
“Temos um portfólio de tecnologias, mas não são suficientes para enfrentar uma situação tão drástica como foi a dos últimos anos. Ano passado o conilon já teve produção 26% menor. Além de falta de agua, houve restrição para irrigação. O conilon é 70% irrigado”, afirma o pesquisador e coordenador do programa estadual de cafeicultura do Incaper, Romário Gava Ferrão, que explica que as chuvas de janeiro são bem vindas, mas não conseguem recuperar as plantas em tempo para uma boa colheita em 2016.
Estimativa de safra é feita quatro vezes por ano
A estimativa de safra é feita quatro vezes por ano. A previsão divulgada na última quarta-feira (20) pela Conab é a primeira de 2016. O levantamento dos dados foi feito em 606 propriedades rurais entre os dias 10 de novembro e 10 de dezembro de 2015, época de formação dos grãos. A segunda estimativa será realizada entre abril e maio deste ano, quando começa a colheita. De acordo com o primeiro levantamento da Conab, em comparação a 2015, a safra brasileira de café deve ser 20% maior em 2016. O Brasil deve colher em torno de 50 milhões de sacas neste ano.
Fonte: Flávio Borgneth ADI-ES – Jornal A Notícia