Algumas manhãs estamos desmotivados, então procuramos nos canais religiosos uma palavra amiga. Foi o que fiz neste domingo. No primeiro canal encontrei um discurso eloqüente sobre a salvação baseado em uma das cartas de paulo que dizia:
“Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade”. ( 2 Tm 1, 9 )
Aquele escriba dos dias atuais me convencia que minhas ações no mundo não têm valor algum para minha salvação, mas que ela viria dos desígnios de Deus.
Bom, isso me deixou um pouco mais deprimido, afinal a teoria da predestinação divina não é muito fácil para um individado sem recursos.
Mas para tal problema busquei conforto em um outro canal. E lá sim eu senti confiança: um templo lotado de fiéis com um altar parecendo um palco de auditório. No centro um pregador todo bem trajado proferindo de forma segura suas palavras. Porém, por infelicidade minha ele se referia também ao mesmo assunto e com o mesmo enfoque (isso eu chamo de predestinação). Desta vez Paulo falava aos Efésios ( foi o que entendi ). Focava um trecho que dizia:
“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.“ (Efésios 2:8-9)
Por alguns minutos me senti uma marionete nas mãos de Deus. Toda minha felicidade ou não já estava escrita. Vim ao mundo para ser um devedor e de nada adiantaria minhas ações porque meu destino é uma rua sem saída.
Então me lembrei de um amigo pastor que tinha uma visão renovada da Bíblia. Ele dizia, ainda na minha juventude, que quando eu me complicasse com os dizeres bíblicos, seguisse primeiro o evangelho. Porque ali está a palavra direta de Deus. Tudo que é dito antes e depois de Cristo é importante mas nada pode ser maior do que o próprio Cristo.
Ao abrir meu livro de bolso, li o trecho da parábola da videira, e lá Jesus dizia que o Pai só corta os ramos que não produzem. Me veio a lembrança de uma outra fala onde se menciona uma figueira. Lembro-me de que Cristo nos ensina a dar uma segunda oportunidade. Somente se, com outras tentativas a árvore não produzir, então se corta.
Agora sim, me sentir melhor. Das palavras de Cristo aprendi que a fé sem ação é morta e sabemos que ação pressupõe- se atitude. Mais ainda, que na minha obra se revela minha ação.
Nesta hora prefiro acreditar que é necessário ter cuidado nas diversas interpretações bíblicas e que na dúvida, melhor buscar o evangelho. Que as cartas de Paulo foram escritas a comunidades especificas e nem sempre se aplicam ao todo, mas o Evangelho é uma sabedoria universal.
Foi bom para mim, mas não sou estudioso das palavras, portanto posso estar equivocado. Mas sei que Cristo não.
