Por Vander Vigne
Autor de estudo que critica os métodos de seleção de funcionários públicos no País, Fernando Fontainha (foto abaixo), professor da FGV propõe o fim das provas de múltipla escolha e das taxas de inscrição, para ele, o atual sistema é voltado para quem tem tempo e dinheiro para pagar um bom cursinho.

Os concursos públicos no Brasil não foram feitos para escolher os melhores candidatos. Essa é a opinião do professor de Direito da FGV Rio, Fernando Fontainha, crítico voraz do sistema que filtra os ocupantes de cargos públicos no País. ( sindipúblicos/ES)
O professor, na sua argumentação, mostra coerência na sua proposta de mudança das regras para os concursos, mas deixou algo muito preocupante quando sugere alternativas para o modelo atual. Uma delas é o fim das provas de múltipla escolha, que sabemos não serem justas. Propõe um modelo de classificação por títulos ou experiência de trabalho. Uma proposta totalmente inconsistente com as demais falas da sua tese. Se os concursos fossem por títulos, aí sim, só elites entrariam, afinal, quem pode ter mais títulos? Por outro lado, se fosse por experiência prévia, simplesmente estaríamos reproduzindo o modelo atual, onde o jovem nunca consegue trabalho por falta de prática.
Fontanhia pareceu ser ingênuo, o que não deve ser verdade, ou então muito astucioso quando lança uma ideia aparentemente salvadora, mas que no Brasil seria o fim das expectativas dos jovens. Títulos no Brasil podem ser comprados, até mesmo de cursos de altas responsabilidades. Não existe banca examinadora confiável num país de corrupção. Aprovar por experiência prévia é fazer o velório da Educação Brasileira que já está na UTI. O que motivaria o jovem a estudar se soubesse que não concorreria em pé de igualdade depois de formado?
Todo o ano se vê, com fatos comprovados pela mídia, as fraudes no ENEM. E de onde elas provem? Da redação, justamente onde há bancas examinadoras. Assim também fazem as prefeituras do Brasil quando querem selecionar seus candidatos: aplicam uma redação valendo metade do valor da prova. Como um texto é algo subjetivo, passivo de várias interpretações, é possível atribuir notas a critério de interesses.
Quero acreditar que nosso professor tenha uma proposta realmente justa para substituir a atual. Não se pode arriscar o que já não é bom, por algo que, nitidamente, o tornará pior. Infelizmente, a prova de múltipla escolha é a única que faz justiça entre os candidatos. É um pouco de sorte, mas melhor contar com ela do que com a corrupção dos títulos e bancas examinadoras. Veja quantos jovens entraram para faculdade através do Prouni, e foi esta prova que os oportunizaram. Só não é mais justo, porque ainda tem uma redação tendenciosa que vale 1/5 da nota final. Nos concursos públicos, quando a prova é somente de múltipla escolha, os candidatos pobres se alegram, porque sabem que terão chances reais. Olhe os milhões de trabalhadores aprovados nos concursos nos últimos dez anos. A maioria deles são os mais dedicados e não os mais favorecidos.
Enquanto não haver nada menos injusto, esta prova é a melhor, porque é corrigida por máquinas e o candidato sabe exatamente seus acertos mesmo antes do resultado oficial. Isso é transparência, coisa que não acontece em nenhuma outra modalidade de avaliação. Nem mesmo a prova prática é justa. No dia da prática o candidato pode ser péssimo, mas na execução de sua atividade pode ser brilhante. Para isso já existe uma coisa chamada período probatório.
Para que a “teoria” do professor fique mais coerente na sua intervenção, sugiro então o sorteio, loteria mesmo. Ali também todos são postos em pé de igualdade, bem melhor que a proposta atual da matéria do site do sindipúblicos/ES.