Vila Notícias
O debate de um projeto de lei para conceder tíquete alimentação a 80 estagiários da Assembleia Legislativa quase terminou em agressão física, ontem à tarde. Depois de um acalorado bate-boca, com direito a ironias e insultos, os deputados José Esmeraldo (PR) e Roberto Carlos (PT) tiveram que ser contidos pelos colegas e por seguranças da Casa para não saírem no tapa.
A confusão começou quando Esmeraldo, autor da proposta de lei, criticou o petista e a deputada Solange Lube (PMDB), primeira-secretária da Mesa Diretora, por ainda não terem assinado o texto para dar início à tramitação.
Referindo-se aos estagiários que assistiam à sessão das galerias, Esmeraldo ironizou. “O deputado que já foi professor e essa deputada lá da região de Viana não assinaram. Querem saber a repercussão financeira da proposta. Ora, basta multiplicar 80 por 200. Basta saber fazer a conta”, disparou.
Caso a proposta vingue, cada estagiário da Casa terá direito a receber um terço do valor do tíquete-alimentação que os servidores do Legislativo recebem, algo em torno de R$ 266 por mês.
Roberto Carlos, sentindo-se incomodado pela citação, pediu direito de resposta. “Esse projeto é de função privativa da Assembleia, não sei por que o senhor está recolhendo assinaturas. Não assinarei nada no oba-oba ou por pressão. Respeito é bom e eu o exijo”, disparou.
Solange apoiou o colega. “Respeito os nossos servidores e o dinheiro público e não assinarei nada se não estiver convicta de que a repercussão financeira cabe no nosso orçamento”, assegurou.
Foi o suficiente para que, exaltado, Esmeraldo voltasse ao microfone para disparar contra o parlamentar petista. “Vossa Excelência tem que saber ouvir. É um mentiroso!”
Impaciente, Roberto Carlos gritou ao microfone: “Me respeita! Vossa Excelência é mal educada. Me respeita!”. Em seguida partiu em direção de Esmeraldo, sendo contido por dois seguranças a cerca de dois metros do colega. O petista foi levado para trás do plenário para se acalmar.
“Lamentável”
A sessão foi suspensa por cinco minutos pelo presidente Theodorico Ferraço (DEM), que classificou o episódio como “lamentável”. O democrata afirmou que, a partir de agora, apartes a pronunciamentos não serão mais concedidos para evitar confrontos.
“Foi preciso essa suspensão para que os ânimos se acalmassem e para que haja respeito entre os parlamentares”, frisou Theodorico.
Passados cerca de 30 minutos, Roberto Carlos e Esmeraldo voltaram ao microfone para pedirem desculpas um ao outro, aos colegas e à sociedade pela exaltação. Theodorico deu o “caso por encerrado”.
Restou a Luzia Toledo (PMDB) lamentar. “A imprensa fica no nosso pé, e se damos motivos, eles vão aproveitar”.
Fonte: A Gazeta