
O balneário da Barra do Jucu, em Vila Velha, receberá as primeiras obras públicas no Estado a utilizarem uma pavimentação ecológica, que permite maior infiltração da água da chuva, reduzindo riscos de alagamentos, tão comuns no município.
Trata-se de um bloco mais poroso, com mais cimento que areia, que permite a absorção de 60% da água da chuva, bem mais que os 20% dos blocos convencionais e 5% do asfalto. Além de permitir a recarga do lençol freático, a água também é filtrada antes de chegar ao subsolo.Outro benefício é que o custo da obra é equivalente ao das técnicas comuns, explica o engenheiro civil Luciano Motta, da Engepavi Consultoria Ltda, empresa contratada para o serviço.
Isso porque, apesar dos blocos porosos terem um custo 20% maior, o sistema de drenagem associado a ele é 10% menor, em média, por necessitar de menor número de poços de visita e de caixas ralos, e bueiros com diâmetros menores, por exemplo. A técnica usada nas camadas abaixo do bloco é semelhante, apenas priorizando materiais mais granulados do que finos, com pedriscos no lugar de areia. “O valor total é apenas 4% maior”, conclui o engenheiro.
Num primeiro momento, serão calçadas 11 ruas. Após uma terceira etapa, todas as 27 principais ruas do bairro estarão com a pavimentação ecológica ou drenagem sustentável.
A técnica já é bastante utilizada em países da Europa. No Brasil, ainda engatinha no Rio de Janeiro e São Paulo. No Espírito Santo, já há algumas experiências em espaços privados, como shopping e residenciais, mas a primeira obra pública será essa de Vila Velha.
“É uma grande conquista para a Barra”, afirma o presidente da Associação dos Moradores da Barra do Jucu (Amorabarra), Denivaldo Falcão. “Há mais de trinta anos que pedimos uma pavimentação não asfáltica. E essa é inovadora, e muito bonita”, atesta. “A Barra já é bonita, agora vai ficar ainda mais”, comemora.
Na reunião de apresentação do projeto feita pelo prefeito Max Filho (PSDB) na última quinta-feira (28), um dos comentários entre os moradores foi sobre a possibilidade de levar a tecnologia para outros bairros de Vila Velha, que sofrem alagamentos. “Se Cobilândia tivesse esse material, não alagaria como acontece agora”, relata Denivaldo.
No primeiro lote serão feitas a drenagem e a pavimentação das ruas Albatroz, Guignard, Toulouse-Lautrec, Paul Cézanne, Van Gogh, Édouard Manet, Humberto Lodi, Auguste Renoir, Odilon Redon, Rua da Sereia e a Av. Anderssen Fidalgo.
“A Barra do Jucu é uma comunidade cosmopolita. Temos diversos intelectuais e artistas aqui. É uma comunidade que merece a atenção que estamos dando com essa obra. É uma tecnologia nova, mas já utilizada em diversos países que já entendem que é melhor drenar a água do que impermeabilizar o solo com asfalto”, pontuou o prefeito Max Filho na reunião, com 120 participantes.
Fonte: Século Diário.