Vila Notícias
Por Cléber Sabino
A missa da madrugada do domingo de Páscoa vai ter significado especial para a Comunidade Católica de Vila Pavão. Além do simbolismo religioso da ressurreição de Cristo, marcará a despedida do Padre Orlando Uliana que está deixando a Comunidade São Pedro para assumir a Comunidade São Marcos em Nova Venécia.
Padre Orlando, ordenado há mais de vinte anos atrás, dirigiu a comunidade São Pedro por quase sete anos. Assumiu o posto em 01 dezembro de 2007, quando Vila Pavão ainda era um setor de Nova Venécia com a incumbência de transforma-lo na comunidade que é hoje. Na entrevista a seguir, Padre Orlando fala da sua trajetória até chegar a Vila Pavão, do trabalho prestado à comunidade e da expectativa às véspera de assumir a maior comunidade da Diocese de São Mateus, leia:
A vinda para Vila Pavão
Eu fiquei surpreso quando em 2007, Dom Aldo Germa, me convidou para vir para Vila Pavão. Na época estava na Paróquia de Ecoporanga (São José Operário). O desejo do bispo era que os Freis capuchinhos assumissem lá. Nessa época eu era vigário geral e não existia paróquia aqui em Vila Pavão. A comunidade São Pedro era um setor de Nova Venécia que estava na eminência de passar a paróquia. Então vim para cá e juntamente com o padre Emílio, hoje monsenhor e o pároco de Nova Venécia na época, padre Hélio Savoia iniciamos os estudos para erigir nessa região a Paróquia São Pedro.
Em alguma outra paróquia o senhor já havia ficado tanto como aqui em Vila Pavão?
Logo que me ordenei servi como diácono na paróquia de montanha que na época englobava, Mucurici, Ponto Belo e Vinhático, sob a responsabilidade do padre italiano Egídio Menon. Depois da sua partida assumi a paróquia em companhia de vários outros padres, entre eles, padre Ailton Menegussi que permaneceu todo o ano de 1999 lá conosco. Eu cheguei naquela paróquia em 12 de outubro de 1992 e permaneci até janeiro de 2002. Então foram mais de nove anos de trabalho na naquela região, até ser transferido para Barra de São Francisco.
Essas mudanças no clero, são necessárias, quem as decide?
As mudanças estão acontecendo em várias paróquias. Talvez, não sejam bem compreendidas pelas pessoas, mas são necessárias, até porque somos padres ordenadas para a diocese de São Mateus e o bispo tem a responsabilidade de fazer as transferências que julgar necessárias e nós quando ordenados, nos colocamos inteiramente à disposição da igreja, viemos para servir a igreja, não podemos ter vínculos, sempre que sou chamado para uma nova igreja, vou com alegria.
Como é sair do convívio das pessoas com quem passou tanto tempo?
Nós padres temos que trabalhar isso todo o tempo, não podemos criar vínculos que depois possa comprometer nossa missão. Veja o caso de Dom Ailton: largou a diocese, a família, a mãe bastante idosa e adoentada para ir Crateus no Ceará, um lugar muito distante daqui, então agente tem que trabalhar isso psicologicamente. È lógico se me perguntar se vou sentir. É claro que sim, porque a gente passa a amar as pessoas e o lugar. Vila Pavão foi muito importante para mim. Esses anos que passei aqui foram muito bem vividos.
Como está a sua expectativa em relação à paróquia de Nova Venécia, com mais de 80 comunidades eclesiais de base, a maior da diocese, que vai assumir a partir da próxima quinta-feira (24)?
Eu vou com fé, humildade, confiança e liberdade. Vou sem medo. O que Deus ordenar eu farei. Toda mudança num primeiro momento deixa a gente balançado, mas já enfrentei desafios maiores ou desse tamanho. Se a igreja precisa, eis me aqui – o Espirito Santo aponta o caminho e não deixa a gente desassistido. O trabalho do padre é diferenciado, podemos contar com a força da oração, da comunidade e do povo. A gente não caminha sozinho. Enfim, a gente tem muito no que se apoiar. A Comunidade São Marcos é bastante grande com uma porção de comunidades, mas também existe uma porção grande de lideranças que já estão caminhado. Eu não vou lá começar nada, eu vou lá dar sequência a um trabalho iniciado há vários anos, visto que a Paróquia São Marcos já vai completar 60 anos. Eu vou lá liderar e administrar com o povo de Deus.
Está feliz com a mudança?
Eu prefiro estar contente. Se eu entendo que isso é um agir da Santa Igreja de Jesus, um movimento do Espírito Santo, se tenho esse entendimento, não tenho porque não estar feliz, mesmo porque, o povo de lá me espera com alegria.
O que o senhor considera especial na paróquia de Vila Pavão?
O meu trabalho em Vila Pavão foi diferenciado, até então eu não havia ainda tido a experiência de começar a formar uma paróquia, de montar uma estrutura administrativa. Isso foi possível graças à participação da comunidade. O ecumenismo é uma das marcas importantes de Vila Pavão. Por ser uma comunidade pequena há a necessidade de uma abertura ecumênica com as demais igrejas. Outra marca de Vila Pavão é a solidariedade. Sempre que há necessidade, a comunidade como um todo se envolve em prol de um objetivo, independente da crença religiosa. Eu levo comigo essas marcas: um povo fiel, caridoso, honesto e participativo.
E o padre Deucy Correia que assume a paróquia semana que vem?
Acredito que o padre Delcy fará um grande trabalho em Vila Pavão. É um grande irmão, inteligente e estudioso. O diferencial é que o padre Deucy terá que ir todas as semanas em Vitória, pois, colabora na formação de futuros sacerdotes. Padre Deucy com certeza vai dar sua contribuição para a caminhada desta comunidade, claro que imprimindo um pouco de si nesse trabalho, mas seguindo as diretrizes que vem das assembléia. Nesse processo nós somos apenas colaboradores.