O pesquisador Jorge Kuster Jacob, realizou (1990) com o apoio do professor Vanderli Vigne e com fotos do jornalista Cléber Sabino, uma pesquisa sobre a história dos Negros na composição das três etnias para a tradicional festa multicultural de Vila Pavão, a Pomitafro. As fotos da exposição mostram a trajetória da família Benedito de Vila Pavão. A maior parte deles, moradores do Córrego do Santo Estevão.
Mas, a boa notícia, é que Vila Pavão já tem outro pesquisador/poeta interessado pelo assunto: Darlan Antunes Sobrinho, filho de outra tradicional família que cresceu lado a lado com os Beneditos.
Neste dia, 13 de Maio, o Vilanotícias lembra de um marco histórico no Brasil. A abolição (simbólica) da escravidão no País, (1888). Simbólico porque foi apenas uma Lei, mas os escravos foram deixados à mercê do destino, sem nenhum bem ou garantias de sobrevivência.
Alguns historiadores contam que a liberdade desassistida foi pior que a escravidão. Afinal, para onde ir? Sem dinheiro, sem terras, roupas…sem dignidade. Esta realidade, ainda se propaga até os dias atuais, onde os Negros são excluídos da sociedade em pleno século XXI. Em homenagem a esta família, Darlan deixa esta linda poesia, retirada de um de seus poemas:
Benedito
Em 1943 em Vila Pavão
Teve-se uma visita inesperada
A família Benedito do senhor João
Iniciou sua chegada
João Benedito e dona Sebastiana
Em Vila Pavão vieram habitar
Trouxeram a cultura africana
Para que possamos prestigiar
Tinham dez filhos
Quando vieram para cá
Sonhavam sem delírios
Em ter um chão para plantar
Descendentes de escravos
Dos canaviais do Rio de Janeiro
Tinham senhores bravos
Trabalhavam sol a sol o dia inteiro
Agora chega de tormento
Vamos mudar essa história
Com outros segmentos
Que se marcam aqui agora
Pesquisando essa etnia
Chegou-se a conclusão
Tinham características de sudaneses
A família do senhor João
Pessoas altas e resistentes
Povo perseverante e trabalhador
Simpáticos e sorridentes
Que mostram o seu valor
Mudando para a crença
Peço agora atenção
Expondo o que cada um pensa
O afro também tem religião
Tradicionalmente católicos
Dos eventos religiosos participavam
Tinha a fé como fator histórico
Porque a religião os unificavam
Faziam festas religiosas
Em homenagem a São Pedro o padroeiro
Numa crença poderosa
Festejavam o dia inteiro
Faziam várias comemorações
Teatros na semana santa
Havia também grandes atrações
Que ao ver o povo se encanta
Trazem consigo diversidade
No hábito alimentício
Essa é outra novidade
Que os afros mostram ofício
Tem como destaque
Quindim, pamonha, cocada
Canjica, vatapá, pé-de-moleque
E também a feijoada
Depois da lei Áurea assinada
Foi que o senhor João nasceu
Depois de uma grande jornada
Muitos elogios recebeu
Em 1900
Dona Sebastiana nasceu
No Rio de Janeiro
Esse nome recebeu
Mas…
Como a vida é passageira
O inesperado aconteceu
No Córrego da Cutieira
Dona Sebastiana faleceu
Como as surpresas vêm e vão
Aconteceu sem se esperar
Falecido no Córrego do Estevão
O corpo do senhor João
Seus familiares estavam a sepultar
Ambos não são esquecidos
Nesta declamação
Pois colaboraram em vários sentidos
Com a cultura de Vila Pavão
Hoje são lembrados
Com muita satisfação
Pois merecem o nosso respeito
E a nossa gratidão
Graças a essa idealização
Surge a necessidade ideal
Negros e brancos em união
Atingindo a integração racial
Assim quebrando preconceito
Racismo e discriminação
Para viver com pleno respeito
O povo de Vila pavão.
Darlan Antunes Sobrinho