O Espírito Santo se prepara para colher uma safra de café conilon histórica em 2025, com a expectativa de alcançar 18 milhões de sacas de 60 quilos. O volume, que começará a ser colhido nos próximos dias, supera o recorde anterior de 2022 e chega em um momento de preços elevados, impulsionando a economia do estado, especialmente no interior
A grande novidade em relação à safra recorde anterior é a combinação com os preços praticados no mercado. A saca do conilon, que chegou a ultrapassar a marca de R$ 2 mil – um patamar considerado inimaginável há apenas três anos – fechou a última quinta-feira (10) cotada em pouco mais de R$ 1,5 mil. Caso a projeção de 18 milhões de sacas se concretize e os preços se mantenham nesse patamar, a safra poderá movimentar cerca de R$ 27,9 bilhões. Se a saca retornar aos R$ 2 mil, o montante pode atingir expressivos R$ 36 bilhões.
Essa injeção bilionária tem o potencial de aquecer significativamente a economia capixaba, com reflexos importantes no interior do estado. As regiões Norte e Noroeste, consideradas o berço do conilon no Espírito Santo, devem concentrar a maior parte da colheita, com uma estimativa entre 13 e 14 milhões de sacas. A expectativa é que esses recursos sejam reinvestidos na modernização das lavouras e dos métodos produtivos, além da aquisição de novas áreas para expansão da produção.
No entanto, os benefícios não se limitarão ao setor agrícola. O comércio local, o mercado imobiliário e as concessionárias de veículos também devem sentir o impacto positivo dessa “onda praticamente perfeita”.
O secretário da Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, confirmou o otimismo do setor. “Seguramente teremos a maior safra da história. O clima foi muito bom e deveremos superar a safra de conilon de 2022. As estatísticas são um pouco desencontradas, mas o setor privado trabalha com uma safra de 18 milhões de sacas de conilon no Espírito Santo. Estou rodando pelas regiões cafeicultoras e realmente teremos uma colheita muito grande”, afirmou.
Bergoli também comentou sobre a recente queda nos preços, mas garantiu que a cotação atual ainda é altamente vantajosa para os produtores. “A informação de que teremos uma ótima safra já está circulando pelo mundo. A queda dos preços tem um pouco a ver com isso, mas também com a movimentação natural de papéis, movimento de safra nova (mais úmida e mais barata) e safra antiga (mais seca e mais cara) e também com essa turbulência econômica que estamos vivendo nos últimos dias. O importante é que a saca a mais de R$ 1,5 mil é altamente remuneradora em relação aos custos de produção, principalmente para a agricultura do Norte, que é altamente técnica, com uma produtividade maior e um custo por saca menor”, explicou o secretário.
Em contraste com o cenário promissor do conilon, o Espírito Santo enfrenta em 2025 a bienalidade negativa do café arábica, um fenômeno natural que resulta em uma safra menor. Após colher 4 milhões de sacas em 2024, a expectativa para este ano é de 3 milhões. Atualmente, a saca do arábica está cotada entre R$ 1,8 mil e R$ 2,3 mil. As áreas de produção de arábica se concentram principalmente no Caparaó e na Região Serrana, as mais altas do estado.
Apesar da menor produção de arábica, a safra histórica de conilon se configura como um marco para a economia do Espírito Santo em 2025, prometendo gerar um impacto positivo em diversos setores e impulsionar o desenvolvimento regional.