
A visita da ministra da Agricultura Tereza Cristina a Águia Branca na manhã da última sexta-feira (24), para o lançamento do 12º Marco da Colheita do Café Conilon, na Fazenda Kubit, não foi só flores.
A presença da ministra no evento, atraiu ao município do noroeste capixaba, lideranças de peso da política estadual, como o Governador Renato Casagrande, a vice-governadora Jaqueline Moraes, secretário de Estado de Agricultura, Paulo Roberto Foletto, deputado federal Evair de Melo, senador Marcos do Val, o diretor do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Antonio Carlos Machado, prefeitos e diversos deputados estaduais, como o presidente da Assembleia, Erick Musso, Janete de Sá, Freitas, Raquel Lessa, e Capitão Assumção, entre outros.
Em seu discurso, além de acenar com a possibilidade de refinanciamento da dívida dos agricultores e com a revisão do preço mínimo do café conilon, a ministra afirmou que apesar do Ministério da Agricultura (MA) ter absorvido o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a prioridade de sua gestão será a agricultura familiar, que ficava sob a gestão do MDA.
A ministra disse ainda que em sua gestão não vai faltar recursos para a agricultura familiar. “Os grandes produtores têm outros meios de obter recursos”, disse ela, que é fazendeira na região centro-oeste do país, onde predomina os grandes latifúndios.
Protestos
Apesar de não ter sido vaiada em nenhum momento, a ministra viu muitos agricultores familiares protestando contra sua gestão e contra a reforma da Previdência. As faixas lamentavam a maneira como a reforma está sendo feita e também a liberação de mais centena de patentes de agrotóxicos neste início de ano.
Algumas lideranças rurais presentes ao evento questionaram a sinceridade da ministra. “O discurso dela em relação à agricultura familiar foi evasivo. O fato de o governo federal ter acabado com o MDA, liberar tantas patentes de agrotóxicos, além tantas outras ações, não combinam com discurso aqui em Águia Branca hoje, disseram.
Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Venécia e Vila Pavão, Wasley Daros Cesconetto, os sindicatos rurais representados no evento, de forma geral, reivindicavam a manutenção das políticas agrícolas conquistadas e mais políticas voltadas para a melhoria de vida no meio rural, como, crédito Pronaf; recursos para habitação rural; crédito fundiário; recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); renegociação de dívidas, visto que o estado atravessou uma grave crise hídrica e isso afetou as finanças dos produtores; melhoria no preço do café, com a garantia de um preço mínimo da saca de café, em torno de 300 reais; dentre outras demandas.
“Repudiamos a reforma da previdência nos quesitos que afetam os trabalhadores rurais e exigimos também menos uso de agrotóxicos e uma agricultura mais orgânica. Durante os discursos dos parlamentares, permanecemos com as faixas estendidas apontando as nossas reivindicações. Nosso recado foi dado. Isso não foi uma manifestação contra o governo federal, mas sim, reivindicações de melhorias para os nossos agricultores”, salientou o sindicalista.
As lideranças sindicais aproveitaram o momento e entregaram a ministra uma carta com todas as reivindicações da Agricultura Familiar Camponesa Capixaba. O documento também foi entregue à vice-governadora Jaqueline Moraes.