Em um espaço antes subutilizado da Escola Municipal de Córrego Laginha, em Vila Pavão (ES), alunos e professores transformaram um pequeno terreno em uma horta onde são cultivadas hortaliças, frutas e plantas medicinais. A iniciativa, que já abastece parte da merenda escolar, tornou-se um símbolo de como a educação pode ultrapassar os limites da sala de aula, promovendo valores como cooperação, sustentabilidade e respeito à natureza.
Com uma economia fortemente alicerçada na cafeicultura, pecuária, olericultura e fruticultura, Vila Pavão busca fortalecer, entre as novas gerações, a conexão com a vida no campo.
A iniciativa ultrapassou os muros da escola. Idealizada pela professora Eunice Kippert e incentivada pelo vereador Gecimar Rodrigues — que articulou, junto à Secretaria de Obras, os recursos e a mão de obra necessários para a construção da horta — contou ainda com o apoio da secretária municipal de Educação, Kédima Boone, e de pais de alunos do 1º ao 5º ano.
Os idealizadores esperam que o projeto se torne uma fonte de inspiração para outras escolas multisseriadas, considerando que as famílias dos alunos dependem da terra para garantir o sustento. “Queremos que todos valorizem essa identidade”, destacou o vereador Gecimar Rodrigues. A proposta tem raízes profundas: desde 2019, Rodrigues vem se dedicando à consolidação do projeto.
“A horta veio para incentivar nossas crianças a cultivar a terra. Tudo o que se planta, colhe. Eles participaram desde o início, e isso uniu ainda mais as famílias”, relata Edinara Pratissoli, mãe do aluno Pedro Lucas Pratissoli Arantes, que integra o projeto.
O envolvimento comunitário foi essencial para o sucesso da horta: “Plantamos hortaliças como alface, cebolinha, coentro, couve, almeirão, tomate, couve-flor, taioba, além de algumas plantas medicinais. O envolvimento dos pais e alunos foi surpreendente. Eles demonstraram entusiasmo, curiosidade e, sobretudo, comprometimento — inclusive aos finais de semana e feriados, contribuindo com mudas e ajudando no plantio”, contou a professora Eunice Kippert.
A proposta surgiu da necessidade de reconectar as crianças — todas com origens no campo — às raízes agrícolas da região. “A ideia vai além do cultivo. Queremos resgatar a relação com a terra, promover a alimentação saudável e reforçar a sustentabilidade, mostrando que esses valores também se aprendem na escola”, explicou a professora Kippert.
Além de trabalhar conteúdos curriculares como Ciências, Matemática e Língua Portuguesa, a horta tornou-se um espaço para ensinar sobre responsabilidade, paciência, trabalho em equipe e consciência ambiental. As crianças aprenderam, na prática, que o alimento não nasce no supermercado e que é possível produzir respeitando a natureza.
“A pequena horta do Córrego Laginha se tornou um símbolo de união, aprendizado e esperança. Mais do que verduras, cultivamos valores, memórias e o sentimento de que, mesmo em um espaço simples, é possível transformar vidas com educação, cuidado e amor à terra”, concluiu a professora.