
Uma menina de 11 anos encontrou coragem e refúgio em uma igreja de Vitória na noite desta quarta-feira (11), revelando a um pastor que era vítima de abusos sexuais recorrentes cometidos pelo próprio padrasto. A ação rápida do líder religioso foi crucial para a prisão em flagrante do suspeito horas depois.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, a criança chegou ao local por volta das 19h, visivelmente abalada e sozinha. Ao se aproximar do pastor, chorando, ela relatou o horror que vivia em casa. “Ela me contou que havia sido abusada pelo padrasto e disse que isso já vinha acontecendo há algum tempo, mas que desta vez ele tinha sido mais violento”, declarou o pastor à polícia.
A menina revelou ainda que já havia tentado denunciar os abusos à própria mãe. No entanto, a única reação da mulher foi agredir o marido, sem acionar as autoridades, permitindo que os crimes continuassem. A criança também expressou o medo constante de que a irmã mais nova, de 6 anos, se tornasse a próxima vítima e relatou sofrer ameaças.
Histórico de Vulnerabilidade:
O pastor destacou que a menina frequentava a igreja há quatro anos, sempre desacompanhada, fato que já chamava atenção. “Ela dizia que a mãe só queria saber de beber e nem dava atenção para ela. Até alimentação faltava em casa”, relatou. O perfil de negligência materna foi confirmado posteriormente.
A Prisão e as Consequências:
Alertado, o Conselho Tutelar foi acionado. A Polícia Militar localizou a mãe e o padrasto em um bar, onde ambos estavam bebendo. A filha de 6 anos também estava no local. A mãe confirmou aos militares que soube do abuso quando chegou do trabalho e encontrou a filha mais velha chorando. Alegou não ter chamado a polícia por estar “sem celular”.
O padrasto foi preso em flagrante. Na Delegacia Regional de Vitória, descobriu-se que ele já tinha um mandado de prisão em aberto expedido pela Justiça de Belo Horizonte (MG). A Polícia Civil autuou o suspeito por estupro de vulnerável, com o agravante de ser padrasto da vítima. Após os procedimentos, ele foi encaminhado ao sistema prisional.
A mãe foi ouvida e liberada, pois a autoridade policial não identificou elementos suficientes para prisão em flagrante naquele momento. As duas irmãs foram encaminhadas pelo Conselho Tutelar para uma casa de acolhimento.
Preservação da Vítima:
Os nomes dos envolvidos e o bairro não foram divulgados para proteger a identidade da criança, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O caso segue sob investigação da Polícia Civil.