
O sociólogo e pesquisador pomerano, Jorge Kuster Jacob, cobra a inclusão dos pomeranos nas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo 2022.
O pesquisador relata que os pomeranos estão incluídos em uma das 16 categorias de povos tradicionais, instituído pelo Governo Federal (então presidente Lula) através do decreto 20.40 de 2007. Juntos essas minorias totalizam aproximadamente 5 milhões de brasileiros.
Segundo o pesquisador, antes do decreto presidencial, os povos e comunidades tradicionais, embora existentes, não eram visíveis para as estatísticas oficiais, acarretando um prejuízo social para os seus integrantes, que necessitam de políticas públicas desenvolvidas de forma adequada às suas realidades.
Jorge sustenta que o IBGE precisa avançar nos seus processos de pesquisa sobre os povos e comunidades tradicionais. Segundo ele, o censo de 2022 vai ter apenas índios e quilombolas na pesquisa.
“Precisamos avançar mais. Apenas destacar dois povos tradicionais no Censo de 2022 é muito pouco. Os pomeranos, por exemplo, precisam aparecer nas estatísticas para assim se poder argumentar com mais informações, números e consequentemente buscar políticas para o seu desenvolvimento local e sustentável. A construção de uma metodologia, no âmbito do planejamento das operações estatísticas, que sinalize a existência, localização e identidades territoriais destas populações é o ponto inicial para implementação de um projeto institucional que contribuirá para o cumprimento da missão do IBGE, de retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania”, opinou.
Um levantamento feito por ele em 2012, estima que existem no Espírito Santo, cerca de 150 mil pomeranos em 17 municípios, com destaque para Santa Maria de Jetibá, Laranja da Terra, Vila Pavão, Domingos Martins, Pancas, Afonso Claudio, Santa Leopoldina, Baixo Guandu, Itaguaçu e Itarana. No Brasil temos mais de 300 mil pomeranos, espalhados pelo Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rondônia, Minas Gerais e Paraná. Ao todo, são mais de 30 municípios onde a maioria da população é de origem pomerana.
Mas as comunidades pomeranas não são só números. “Temos uma rica identidade histórica e cultural. Temos uma língua (cooficializada), agricultura familiar forte, religiosidade própria, dança, música, culinária, arquitetura, eventos culturais, museus no Brasil, literatura, filmes, cds musicais, programas de rádio, festivais folclóricos, bandas musicais, o rito do casamento, a tradicional concertina, entre outras manifestações típicas que muitos povos no Brasil já perderam. O pomerano é um dos três povos mais tradicionais do Brasil. Não existem mais na Europa ou outros continentes. Só existem no Brasil. A Pomerânia é Brasileira”, diz.
Jorge pretende encaminhar manifestações às igrejas, escolas e lideranças pomeranas espalhadas pelo Brasil para fortalecer esse movimento e, assim, incluir o povo pomerano no IBGE.
“Para fazer o censo com os pomeranos, assim como com qualquer povo tradicional, os pesquisadores devem receber um treinamento especifico ou serem pomeranos para extrair de fato aquilo que a pesquisa quer na língua pomerana. Simplesmente falando português muitas informações podem não sair ou sair distorcidas”, disse ao finalizar.