O Espírito Santo registrou uma redução drástica de 53,61% no volume de café exportado no primeiro bimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. Segundo dados do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), o estado embarcou 508.685 sacas entre janeiro e fevereiro, ante 1,096 milhão de sacas no ano anterior. Apesar do tombo no volume, a receita cambial recuou apenas 18,41%, totalizando US$ 152,3 milhões, reflexo da alta no preço médio da saca, que subiu 75,88%.
Estoques Baixos e Entressafra Explicam Retração
A queda abrupta nos embarques está diretamente ligada ao esgotamento dos estoques após o recorde histórico de exportações em 2024. Naquele ano, os produtores aproveitaram os preços elevados para comercializar não apenas a safra, mas também os estoques remanescentes de 2023. “Com isso, o volume disponível para 2025 ficou muito reduzido”, explica Jorge Nicchio, vice-presidente do CCCV.
A entressafra agrava o cenário: o ritmo lento deve persistir até junho, quando começa a nova colheita. “Março, abril e maio ainda terão volumes menores. A recuperação só deve ocorrer a partir de junho”, projeta Nicchio.
Conilon lidera, mas Arábica e Solúvel também Perdem Fôlego
O café conilon seguiu como carro-chefe das exportações capixabas, com 314.855 sacas embarcadas em 2025, queda de 66% ante as 924.314 sacas de 2024. O arábica recuou de 103.002 para 126.822 sacas (-23%), e o solúvel, de 69.155 para 67.008 sacas (-3%). A retração generalizada reflete a escassez de produto no mercado.
Preços Históricos Sustentam Receita dos Produtores
A valorização do café mitigou os efeitos da queda no volume. Dados do Cepea mostram que o conilon, cotado a R$ 760 por saca no inicio de2024, fechou o ano 1.832 e chegou a R$ 2.000 em janeiro de 2025. “Os preços seguem muito atrativos, e mesmo com a nova safra, a expectativa é de manutenção de patamares elevados”, afirma Nicchio.
Clima e Expectativas para 2025
As chuvas regulares entre novembro e dezembro de 2024 garantiram condições favoráveis ao conilon, mas o período seco em janeiro e fevereiro preocupa. Apesar disso, a safra capixaba é esperada como robusta. No entanto, a produção nacional deve ficar abaixo do esperado, o que, segundo Nicchio, ajudará a manter os preços em alta.
Perspectivas
Enquanto o mercado aguarda a nova colheita, o cenário de estoques enxutos e demanda firme sugere que os preços continuarão sustentando a rentabilidade dos produtores, ainda que o volume de exportações permaneça limitado no curto prazo. A combinação de oferta restrita e valorização do café desenha um ano desafiador, porém lucrativo, para o setor no Espírito Santo.