Em um país marcado pela diversidade cultural, a banda Up/Pomerisch se destaca como o único grupo do Espírito Santo — e possivelmente do Brasil — que traduz sucessos da música nacional para o pomerano, língua tradicional de imigrantes europeus ainda viva em comunidades capixabas. Nascida durante a 17ª Pomitafro, em novembro de 2007, a banda mistura festa, tradição e resistência linguística, levando ao palco desde versões de “Ai, se eu te pego!” até composições autorais que celebram o cotidiano pomerano.
No centro desse projeto está o vocalista Osmar Folz, considerado um dos melhores intérpretes pomerano no Brasil. Há mais de 12 anos à frente do grupo, ele não só canta como também traduz hits — consultando, quando necessário, a própria avó para garantir a precisão das letras. “São mais de 25 músicas adaptadas, além das autorais”, conta Folz, referindo-se aos dois CDs já lançados pela banda. Entre os sucessos recriados estão “Festa do AP” e “Pipoca”, que ganham nova roupagem (e novos significados) em pomerano.
O mais recente videoclipe da banda, “Ales wat Du wist” (Tudo o que você quiser), reflete a aposta em um formato bilíngue: o refrão em pomerano se alterna com versos em português, uma estratégia para atrair novos públicos sem abandonar as raízes. A música, composta por Jorge Kuster Jacob (letra) e Nicolas Berger (melodia), fala de colheita de café, festa e paquera — temas que ecoam a vida no interior capixaba.
Além dos covers, a Up/Pomerisch investe em canções originais, como “Rato no Coador” (premiada em edital da Secult em 2011) e futuras faixas como “Mijlchebroud” (pão de milho) e “Pomer Oppa” (lenda sobre a origem dos bebês), que comporão um álbum autoral.
Sob a direção do multi-instrumentista Sergio Schultz, a banda — que também inclui dançarinas e uma formação fixa de músicos — já se apresentou em diversos eventos culturais pomeranos, alemães e germânicos no Espírito Santo e Minas Gerais, além de ter gravado três CD’s na língua pomerana, sempre com um objetivo claro: fortalecer a identidade pomerana. “Muita gente nem sabe que o pomerano ainda é falado no Brasil. Nossa missão é mostrar que ele está vivo, e na batida da concertina”, diz Schultz.
A atuação da Up/Pomerisch vai além dos palcos. O grupo é parceiro do Programa de Educação Escolar Pomerana no ES, ajudando a manter viva uma língua que, para muitos, é mais que tradição — é orgulho.
ALLAS WAST DU WIST (O QUE VOCÊ QUER)
Letra: Jorge Kuster Jacob – Música: Nícolas Berger
Esse ano foi boa a colheita de café
Trabalhei muito na roça
e agora tô com grana
Eu sou pé no chão
mas não perco a fé
Quero namorar com aquela pomerana
O que você quiser eu quero também
É tudo nosso também quero me dar bem
Cachaça, gengibre só tem uma condição
Quando o Up Pomerisch toca tira o pé do chão.
Refrão:
Ales Wat Duu wist (Tudo o que você quer)
Dat wu ik u foo mu (Também quero para mim)
Fell Rupsch mekas (Muitas meninas bonitas)
Snasps u gengibier (Cachaça e gengibier)
Eu gosto muito de brote
Acompanhado de linguiça
Com o café da “mota”
Mata a sede e a preguiça
E o que não mata engorda e sempre vale a pena
Quero dançar colado com aquela morena
Final de semana eu tô na festa
Só danço se tiver o som da concertina
Se faltar o chope também não presta
Vou me embalar como xote com essa menina
O melhor da festa eu quero ouvir
FELL RUPSCH MEKAS
CACHAÇA E GENGIBIER
Vem com o UP POMERISCH, beber e dançar
Tudo aqui é nosso
O show não pode parar.