
Edição Vila Notícias
O país ficou estarrecido com as cenas registradas na Arena do Grêmio, na noite desta quinta-feira, quando o time dp técnico Luiz Felipe Scolari foi derrotado pelo Santos, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. Aos 30 minutos do segundo tempo, o goleiro Aranha tentou chamar a atenção do árbitro Wilton Pereira Sampaio para os gritos de macaco que vinham das arquibancadas do estádio, em mais um episódio de racismo do futebol brasileiro.
Embora soe absurdo, o relato de quem costuma frequentar os estádios de Porto Alegre, especialmente em Grenais, o principal clássico local, é de que as provocações do lado da Azenha invariavelmente se utilizam de referências ao animal, inclusive com imitações, direcionadas não só a atletas negros.
Na capital gaúcha, os fãs do Internacional são chamados por parte da torcida rival de “macacos”. Para compreender a origem da prática há diversas versões, sem quem uma delas seja tratada como oficial.
Não falta quem recorra ao passado em que os torcedores do Inter subiam em árvores para acompanhar os jogos colorados com o início de toda a controvérsia. Houve uma época em que a própria diretoria no Beira-Rio deixou de lado o tradicional Saci e escolheu como novo mascote um macaquinho. Dedicidido em votação, ele acabou sendo batizado de Escurinho, ídolo negro da década de 90.
“É absurdo, mas realmente é uma coisa que é vista dentro do estádio, por uma minoria, claro. É algo que começou há muito tempo, não tem muita explicação. Tem muita gente que não gosta e faz de tudo para que isso acabe. Nem sempre, no entanto, isso se manifesta de forma preconceituosa como ontem. Uma vez, em um Grenal, um dos irmãos Biteco (negro) corria em campo, sendo perseguido o tempo todo por um adversário. Alguns torcedores começaram a gritar contra o cara do Inter, que era branco”, afirmou Léo Gerchmann, repórter da Zero Hora e pesquisador da história do Grêmio ao ESPN.com.br.