Opinião/cultura
O Povo Tradicional Pomerano Brasileiro vem manifestar solidariedade ao Povo Tradicional Indígena e Cigano do Brasil. São inaceitáveis as ofensas do Ministro da Educação, o senhor Abraham Weintraub, quando diz publicamente que “odeia o termo Povos Indígenas e Ciganos”. Segundo o Ministro, existe só um Povo, o Povo Brasileiro.
A Constituição Brasileira de 1988, estatutos e decretos garantem direitos indígenas e valorizam a diversidade de culturas no país e promovem a inclusão de todos no território nacional. Os Povos Indígenas, Quilombolas, Ciganos, Faxinalenses, Caiçaras, Pomerano, Povos de Terreiros, entre outros, incluindo o próprio ministro com seu sobrenome europeu, constituem a nação brasileira.
O senhor Abraham Weintraub, como homem público, quando pronuncia certas palavras, deveria antes de tudo ler a Constituição Federal, o Estatuto do Índio e o Decreto 6.040/2007.
A identidade histórica e cultural de um povo, num país democrático como o Brasil, está indelevelmente marcada pela liberdade da autodefinição de cada e de todas as mulheres e todos os homens que aqui vivem. Isso é base do Estado Democrático e de direito.
O Gabinete do Ódio, instalado em Brasília desde o dia 1º de janeiro de 2019, não aceita e despreza a Democracia; não tolera a diversidade cultural do nosso país. Isso é vergonhoso. O ministro tem que aceitar a presença de povos culturalmente diferentes.
Como Povos Autóctones, os indígenas foram impositiva e humilhantemente obrigados a aceitar portugueses, negros, imigrantes europeus e de outras partes do mundo, inclusive gente com nomes estrangeiros e tradições “alienígenas”, como é o caso especifico desse ministro elitista e antidemocrático.
É garantido a cada comunidade local, município, região, estado, família, grupo étnico, enfim, a usar a sua língua, sua religião, sua música, sua vestimenta, sua dança, seus costumes da forma como o grupo melhor definir. Essas tradições foram construídas ao longo de um sofrido e longo processo histórico. Há muitas marcas e cicatrizes produzidas por práticas como as do ministro, eivadas de preconceito e exclusão social.
Não cabe a um ministro ou presidente odiar ou gostar. Devem respeitar e promover a diversidade de culturas. Respeitar a identidade histórica e cultural diversificada deste país é o básico, o mínimo que o cargo de ministro exige. Ainda mais quando se trata de um Ministro da Educação.
Artigo elaborado pelo Dr. Erineu Foerste, professor da UFES e atual representante dos pomeranos na Comissão Nacional dos Povos e comunidades Tradicionais do Brasil e por Jorge Kuster Jacob, professor aposentado de história e Ex – representante dos pomeranos na Comissão Nacional dos povos e Comunidades Tradicionais do Brasil (Decreto 6.040).