O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, e líderes da oposição assinaram nesta sexta-feira um acordo para dar fim à atual crise política no país.
Em seus termos, está prevista a formação de um governo de unidade nacional e a realização de nova eleição presidencial antes do fim do ano, de uma reforma eleitoral e de emendas constitucionais que reduzem o poder do presidente.
O acordo foi feito após conversas mediadas por três ministros de Relações Exteriores europeus. Os ministros da Alemanha e da Polônia se encontraram com líderes dos protestos, que depois anunciaram seu apoio oficial às medidas.
Divulgado pelo ministro alemão, o acordo inclui prevê que: A Constituição de 2004 seja restabelecida dentro de 48 horas, e que um governo de unidade nacional seja formado dentro de dez dias, uma reforma constitucional para balancear os poderes do presidente, do governo e do parlamento seja iniciada imediatamente e finalizada até setembro; uma eleição presidencial seja realizada após a nova Constituição ser adotada, com o limite até dezembro de 2014, e novas leis eleitorais serão aprovadas; uma investigação sobre os recentes atos de violência seja conduzida em conjunto por autoridades, a oposição e o Conselho Europeu; as autoridades não possam impôr um estado de emergência no país, e ambos os lados, autoridades e oposição, evitem o uso de violência; armas ilegais sejam entregues aos órgãos do Ministério do Interior.
O documento foi assinado por Yanukovych e os líderes da oposição Vitali Klitschko, Arseniv Yatsenyuk e Oleh Tyahnibok na sede da presidência em Kiev.
Ainda não é certo que o acordo será suficiente para aplacar membros mais radicais da oposição, muitos deles do oeste da Ucrânia, que vinham exigindo a renúncia do presidente.
‘Caminho para a Europa’
O ministro de Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorskit, publicou uma mensagem no Twitter em que diz que o acordo “foi bom para a Ucrânia” e que isso abrirá caminho para “uma reforma e para a Europa”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, também saudou a realização do acordo e instou a todos os lados da crise ucraniana a “apoiá-lo e executá-lo de acordo com os prazos acertados”.
O acordo veio após o dia mais violento desde o começo dos protestos, em novembro.
A polícia abriu fogo contra os manifestantes na quinta-feira, quando os oposicionistas tentavam afastar os policiais dos seus acampamentos improvisados no centro de Kiev.
Segundo o Ministério da Saúde, 77 pessoas morreram desde terça-feira e 577 ficaram feridas.
Brigas no parlamento
Pouco depois que o acordo foi assinado, o parlamento ucraniano aprovou o restabelecimento da Constituição de 2004, com 386 dos 387 votos possíveis a favor da medida.
A sessão começou com brigas diante da tentativa do porta-voz do parlamento tentar adiar o debate sobre a reforma constitucional. Segundo a mídia ucraniana, a polícia de choque patrulhava o interior do parlamento durante a sessão.
O líder oposicionista Arseniv Yatsenyuk disse que a votação foi “o primeiro passo para restabelecer a ordem na Ucrânia”. O parlamento também aprovou uma anistia para os manifestantes acusados de envolvimento em atos de violência e a demissão do ministro do Interior, Vitaly Zakharchenko.
Apesar do acordo, conflitos isolados foram registrados na área central de Kiev na manhã desta sexta-feira. A polícia afirmou ter trocado tiros com manifestantes