Em entrevista exclusiva à ESPN, nesta quarta-feira (28), em Londres, o atacante Harry Kane, do Tottenham, lamentou o triste episódio de racismo sofrido pelo atacante Richarlison, seu companheiro de equipe nos Spurs, durante o amistoso entre Brasil e Tunísia, na terça-feira (27), em Paris.
Durante o 1º tempo da partida, torcedores da seleção africana arremessaram uma banana no camisa 9 da seleção brasileira enquanto ele comemorava um gol perto das arquibancadas.
Em conversa com a reportagem, Kane mostrou revolta com mais uma manifestação racista de torcedores e se disse “decepcionado”.
O astro da Inglaterra salientou que os jogadores de futebol estão “fazendo o que podem” no combate aos atos racistas, mas pediu ações mais enérgicas da Fifa e das autoridades de segurança.
“Antes de qualquer coisa, o Richy [apelido de Richarlison] é um cara ótimo. Eu me dou muito bem com ele. Ele trabalha muito duro, é muito profissional. E, claro, tem sido ótimo nesta temporada. Estou muito feliz por tê-lo no nosso time”, iniciou Kane.
“Foi muito decepcionante ver isso na noite passada. Ainda não vi o Richy, não tive chance de falar com ele sobre isso (racismo). A Fifa já disse que vai investigar e tentar descobrir o que aconteceu. Isso não é aceitável”, seguiu.
Uma banana foi arremessada pela torcida em direção a Richarlison
Lucas Figueiredo/CBF
“Acho que nós, como jogadores, estamos fazendo o que podemos. Os jogadores, as estrelas, para expulsar isso. Espero que a Fifa seja forte e descubra quem fez. E que as consquências certas aconteçam”, complementou.
Em entrevista na zona mista do Parque dos Príncipes após o jogo de terça, Richarlison afirmou que não viu a banana atirada.
“Acho que foi até Deus que me livrou de não ter visto aquilo. Porque sei lá, na hora ali de cabeça quente…”, disse.
“Que esse torcedor possa ser reconhecido e que punam ele. É difícil né, a gente viu o caso do Vinicius Jr. aí e agora isso acontece dentro de um estádio e que possa servir de lição também pras outras pessoas pra não fazerem isso”, finalizou.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), por sua vez, se manifestou através de seu presidente, Ednaldo Rodrigues, que se disse “chocado” com o acontecimento.
”Mais um vez, venho publicamente manifestar o meu repúdio. Desta vez, vi com os meus olhos. isso nos choca. É preciso lembrar sempre que somos todos iguais, não importa a cor, raça ou religião. O combate ao racismo não é uma causa, é uma mudança fundamental para varrer esse tipo de crime de todo o planeta. Eu insisto em dizer que as punições precisam ser mais severas”, salientou.